segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

o bairro.

Vi-te junto áquela porta arruínada, mas cheia de histórias felizes e breves. Mandei-te um sorrisso. Era a coisa mais pura e simples que te podia mandar. Olhastes, mas o teu olhar rejeitou-me. Continuei, não quis disistir; eras demasiado diferente, demasiado especial para eu me deixar de ligar a ti.
Tudo foi em vão: gritaste,choraste... começaste a correr pelo interior daquele traçoeiro bairro, cheio de brigas e confusões marcadas na calçada... repleto de energia entranhada nas paredes. Corri atrás de ti. O teu cheiro era o alimento proibido que me poderia adocicar a minha boca fria. Os teus cabelos escapavam-se das mãos, eram tão finos e suaves que eu não os conseguia agarrar. Quero fintar o destino e dasafiar a minha sorte. Quanto mais avanço para ti, mais o teu corpo ondula e quebra, fazendo com que o meu frenético ritmo se assemelhe a algo vagaroso.
Malditas ruas estreitas e sombrias que fazem com que o meu pecado de te ter seja algo mais imperdoável do que a própria morte. Mas porque é que foges? Se é devido ao mundo não ser perfeito não vale a pena! A vida é demasiado curta para perder tempo com o pior quando existe tantas coisas boas. Fica comigo. Pelo menos o nosso mundo teria as arestas limadas e nós nunca nos iríamos lembrar que ele não era completamente perfeito. Nem não precisávamos disso. Para quê a perfeição quando se tem o amor de verdade?
Depois de corridas repetinas e de sonhos libertados, encontro-te no cimo do bairro, numa parte onde a luz não penetrava e o som era morto. Atiraste-te a chorar, revoltada com o facto de o mundo não ser perfeito. Eu sentei-me ao teu lado, triste e revoltado, por não te ter conseguido fazer entender que a perfeição seria algo tão banal e imperfeito ao lado do nosso amor verdadeiro.
E ali ficámos, naquele bairro, entre a escuridão e o vazio... com uma enorme tristeza nos nossos inocentes corações.

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